O escândalo da cerveja mineira repetiu a tragédia dos vinhos austríacos em 1985

cerveja mineira

 

Pode ter sido boicote criminoso de um ex-funcionários; pode não ter sido. O dietilenoglicol, substância que teria provocado a morte de vários consumidores das cervejas Backer, de Belo Horizonte, é utilizado largamente pelas grandes companhias para acelerar o ponto de ebulição da água da cerveja. Ele reduz de uma hora para 20 minutos o tempo necessários para atingir 98gC, proporcionando uma economia graúda.

A saída encontrada por algumas cervejarias foi passar a fabricar cerveja de milho. Foi o caso da Ambev que desenvolveu com a Ingredion um xarope de milho que dispensa a fermentação. Por isso, a cerveja é feita a frio. Segundo especialistas, “o fermento não é fermento é apenas um componente “azedo” para dar a impressão de fermentação, o Lúpulo é extrato essencial artificial e não mais lúpulo em pallets, a cor é artificial amarelo tartrazina, o gás é CO2 e não há fermentação natural”.

Em seu site, a Ambev responde a várias questões sobre a cerveja de milho. Diz que as opções são basicamente do mestre cervejeiro, visando produzir cervejas mais leves e que o impacto nos preços é pequeno, porque há períodos em que o milho fica mais caro que a cevada. Fugiu da questão principal: a economia não se dá na matéria prima, mas no custo da energia. De qualquer forma, nem é cerveja, nem faz mal à saúde.

Já o caso da Backer é complexo. Nos últimos anos experimentou crescimento exponencial e ganhou o contrato de patrocinador do carnaval de Belo Horizonte – que, nos últimos anos, ganhou um status de carnaval nordestino, tamanha sua repercussão. Daí provavelmente recorreu ao dietilenoglicol.

A Vigilância Sanitária identificou o fornecedor da Backer, a Imperquímica, que confirmou a venda em tambores lacrados de 220 kg. À Folha, a empresa confirmou que vende o produto para a Backer desde setembro de 2017.

Havia histórico dos riscos do mau uso do ingrediente. Em 1985, seu uso por parte de algumas vinícolas austríacas gerou um escândalo que praticamente liquidou com a indústria local por mais de uma década.

O dietilenoglicol foi utilizado para mudar o sabor dos vinhos, fazê-lo mais doce e encorpado, como se fossem de colheita tardia. Parte da produção foi exportada para a Alemanha. Alguns importadores misturaram ilegalmente com vinhos alemães. A manobra foi identificada por laboratórios de controles de qualidade.

O escândalo representou o colapso da indústria vinícola austríaca, liquidando com sua reputação por muito tempo. As exportações caíram de 45 milhões para 4,4 milhões de litros por ano.

Fonte: Jornal GGN

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